Se for emprego, é bom que aceites.
Eu Sou Muito Triste
Ultimamente tenho me sentido um tapete caseiro, ou talvez um tapete de um mercado em um dia chuvoso, porque na verdade a minha vida está estabelecida entre a dualidade de um bem estar repentino e uma tristeza duradoura.
Pode ser princípio de um quadro patológico, ou inicio de buraco de depressão, esquizofrenia, ou sei lá o quê. Mas, Calma aí! É raro que um demente perceba a sua demência, por isso talvez a minha loucura esteja nisso mesmo, em perceber o imperceptível, que para mim, por definição, é tristeza, que aos sorvos rega a minha tão fértil alma, fazendo germinar brotos que escondo por trás de paredes de alegria que demonstro.
Quero um psicólogo, quero um psiquiatra, um ombro amigo, aliás, que ombro amigo? São todos falsos, uma falsidade de bradar os céus, prefiro o psiquiatra, e dele, apenas 24 horas de terapia intensiva, terapia existencial, e dois cálices de uma dose qualquer, que queime bem forte a garganta e a dor em mim […]
Ando exilado da minha própria vida, por conta de dores que nem pessoas proximas conseguem ver, porque sou tão desnecessário para o mundo.
(...) Acho melhor parar com esse festival de vitimização, eu sou grande para isso, e convenhamos, todos nos temos os nossos lobos, portanto estamos todos no mesmo barco, caminhando para o incerto […], pois já nascemos de um parto, e por isso partiremos, depois de durante a vida, outros partirem e deixarem nossos corações partidos, na verdade, a vida é um parto cheio de partidas. […]
~Ab Binadre WZ
Violência baseada no Homem
Um jovem aparentemente calmo fez-se ao carro que fazia o troço Recamba-Mucupia, todos estávamos parados, mas no decorrer da viagem percebi que ele ostentava uma malcriadez abominavelmente calculada à detalhe para caprichar a grande dose do líbido que pulula a sua lascívia.
Ele aproximou-se e abraçou-me pelo abdômen para garantir o equilíbrio naquele sobe-desce dos solavancos que se estendem da AquaPesca aos Abreus, era escusa, mas de nada valia insurgir-me, sentia desconforto, mas de nada valia perpetuar gélido rancor.
Ele não tirou palavra alguma, sequer saudou, apenas se esparramou por cima de mim, em instantes arrastando para cima vagarosamente a minha camisa de linho, mas eu bloqueei-o, seguidamente desculpou-se, entretanto depois de um tempo flexionou a perna à minha como se quisesse interlaçá-las às minhas, olhei-o, mas ele fingiu estar atento à grande mata nas laterais da estrada, e por mais que eu quisesse me impôr, os seus músculos e a sua altura eram ameaçadoras, por isso preferi suportar a respiração quente e morna que ele exalava abraçar desconfortavelmente o meu pescoço.
Pasmem-se! -ainda estávamos a passar Mussama - e o caminho ainda era longo [...].
(...) Sinto o pênis retezado nas minhas nadegas, o movimento encosta-afasta acompanhava o balançar leve do autocarro, facilitando assim as suas intenções. Ele mostra não perceber, enquanto finge estar mergulhado em pensamentos.
Ele acarecia-me com delicadeza, sem chamar a menor atenção, não é recíproco mas o sodomazoquismo que está perpetuado no seu consciente põe nele convicção da possibilidade de cedência da minha parte, porém sei com todas palavras que estou a ser alvo de um fratterismo ao céu aberto.
Finalmente em Mucupia, desço em frente à Macanjí, embora a paragem final está à 20 metros, tornarava-se distante, prefiro caminhar que continuar a aturar o abominável, ademais para o meu espanto o jovem olhou-me e mostrou-me a palma da mão e de seguida o indicador, como quem diz " espere-me alí", ignorei, contudo enquanto andava alguém riu-se das minhas calças, preocupado olhei-as, porah!! Às minhas calças pretas estavam brancas em lugares identificados, peguei, e era nada mais que algo estranho como ranho, branco como
lanho... [...]
Sinto-me imundo quando relembro, sinto-me subalterno e o meu corpo se tornou objecto de dúvida, vêm em mim a percepção de que a posteriori homens fortes irão parar em matas, e calculosamente violar sem piedade homens fracos até a morte, pois é, cenários como o de uma rasteira no beco escuro, deitado de barriga, uma catana afiada no pescoço, e só Deus para nós acudir...
~Ab Binadre WZ
Espinhos em abraços Frios
A era glacial foi um período em que às temperaturas de todo o planeta baixaram e se mantiveram assim por um longo tempo. Em razão disso, sucedeu a expansão dos mantos de gelo continentais e polares, há quem diga que era possível andar sobre o Gelo de Zambézia à Gaza, sim, isso mesmo, de Inhassunge à Xai-Xai. O grande contra-senso paradoxal foi o de terem morrido animais mais fortes e sobrevivido animais aparentemente frágeis e vulneráveis. Estranho, não é? Mas o que ditou a extinção foi a falta de união dos animais mais grandes para se aquecerem, por se considerarem auto-suficientes. Em oposição à eles, os porcos-espinhos convocaram uma assembleia e nela decidiram que a única maneira de não morrerem passaria por juntarem-se e apertarem-se, mesmo isso significando dor extrema e furos profundos por causa dos espinhos.
Três anos se passaram, a era glacial teve o seu fim, o sol veio timidamente, e aos poucos o que era gelo virou pradaria. Os grandes dinossauros morreram, mas os porcos-espinhos sobreviveram, contudo nunca mais foram os mesmos.
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Convenhamos! Todos nós já tivemos feridas provocadas pelos “nossos iguais”, na família, nos relacionamentos, na escola, e no trabalho, todos nós, esse é sem dúvidas o dilema das emoções humanas.
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Lição 1: Mesmo com às picadas alheias, é sempre melhor trabalhar em grupo.
Lição 2: Ninguém é forte sozinho.
Lição 3. Às punhaladas que te são dadas, podem passar, mas levam parte da tua bondade e humanismo. Portanto, vivos por fora e com os corações frios.
Lição 4. O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas sem espinho, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os espinhos do outro.
Lição 5: A pessoa que escreveu este texto está vivo mas o seu coração tornou-se frio pelos dilemas próprios da convivência humana.
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E o que dizer dos humanos, o enredo conta que foi a partir daí que os Abraços tornaram-se culturais, não havia etnia nem tribo, apenas Moçambicanos caçando calor, e bastava ser humano para abraçar e trocar calor... E até hoje endossa-se o abraço, mesmo em tempo quente, em homenagem à união entre os homens.
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Bem haja a união entre nós.
~Ab Binadre WZ
Sinto falta de uma ausência que não se ausentou
às vezes eu sinto a minha falta.
Persona Non Grata
Vi-te saindo da relação devagar, depois de não responderes uma mensagem, quando dei por mim, eram 6 mensagens não respondidas, na 7 mensagem, respondeste, mas foram poucas palavras mal-ditas, como se a minha mensagem te causasse irritação e respondesses simplesmente por eu ter sido o que já não era.
Fui ao WhatsApp e vi-te On, mas não era comigo com quem conversavas, e foi nos pequenos detalhes em pistas, que percebi que já havia te perdido. Então hoje eu percebo que o interesse se foi junto com a importância que eu tinha para ti. E que a segunda parte do nosso romance havia chegado, e nela eu era menos que figurante, valendo menos que uma porta, e se fosse em Moçambique eu seria a versão masculina de Lurdes e tu Liloca. Porque não somos os mesmos de ontem, não seremos os mesmos amanhã. E infelizmente, o tempo não espera, e o que era tão meu perdeu-se por aí no meio ao caminho, pois na verdade não estávamos andando na mesma direção, ademais o sentimento agora é só meu, e tu podes estar também apaixonada mas não é por mim.
~Ab Binadre WZ
Quando numa turma de 50, chumbam 45, o problema pode estar no próprio professor, e isso não é motivo para se vangloriar, mas sim, para fazer uma introspeção, pois a luta como professor é, sem dúvida, fazer com que maior número de alunos transite.
É triste ver docentes que acham que a sua estima, como profissional, é traduzido pelo número de alunos que reprova. Lembro-me que em tempos de faculdade, havia docentes que mesmo dando a cadeira mais fácil, chumbava-se em massa, mas isso não era tampouco questão de domínio de conteúdos, era sim, mecanismos mortos e mórbidos que docentes arranjam para elevar o seu ego, portanto ser tido como o docente Chefe das Reprovações, ou até para tirar proveito com às negativas dos estudantes.
Medo
Finalmente o pôr-do-sol! Lentamente a alvorada sobre a pradaria, e o silêncio suave da noite cantava para o dia dormir, enquanto a escuridão engolia o céu grisalho-azulado, o jovem moço continuava com medo, pois de manhã em uma discussão com a feiticeira da zona, por conta de uma disputa para um lugar no rio, a velha levantou a sua mão à 90°, dobrou os outros dedos deixando simplesmente o indicador e disse: -Você vai ser devorado por um crocodilo seu estúpido.
Para o jovem era bem mais fácil não se fazer ao rio que nada o aconteceria, mas mesmo assim o medo ainda prevalecia aceso nas entranhas da sua consciência, o medo fervia dentro de si mesmo com aquele vento frio acariciando o pescoço e os seus pés, o jovem teve uma noite mal dormida e cheia de pensamentos vis.
Raios de sol clarearam o dia, e o pobre jovem moço saiu para levar a cara, pegou uma lata, daquelas latas que antes continham tinta para pintura de casas e depois usadas para uso doméstico, pois é, mas quando pegou a água para borrifar a sua face, viu um crocodilo sair do balde, este puxou-o para dentro da água, o jovem tentou sair mas o crocodilo estava puxar com mais força, e assim morreu o pobre moço. O crocodilo da Feiticeira cansou de esperar que o jovem moço viesse ao rio, e acabou indo, justificando que se Maomé não vai a montanha, a montanha vem à Maomé.
O laudo pericial confirmou que o jovem bateu com a cabeça num ferro, tendo este caído na sua nuca e bloqueado a sua cabeça no balde, dificultando assim a sua saída, e facilitando o afogamento.
Depois da velha descobrir que o medo é uma grande arma, hoje passaram a o fazer através dos meios de meios refinado.
Moral da história??? O quê? Não, não, esta história não tem moral, ela moraliza, porque os nossos medos são os nossos piores inimigos, o medo criou o crocodilo.
Nós precisamos matar os nossos medos.
O Medo de separar e começar de novo, e ter que viver uma relação abusiva, com um marido que se torna teu próprio assassino.
O Medo de... Enfim, paro por aquí, são tantos medos.
~Ab Binadre WZ
A casa assombrada
Olhei de relance para a Janela e ví um reflexo, levantei-me e escutei passos firmes causando sussurro no encontro dos pés ao chão, prestei atenção, e percebi que também a torneira estava aberta, olhei para o relógio - eram 2 horas - saí do quarto e gritei com o bastão em riste: "eu não tenho medo de ti seu cadáver".
Mostrei postura contundente, mas no meu coração naufragava medo extremo.
Andei um pouco, cocei o meu sagrado rabo no encontro a porta. O ruído de passos e o chovoalhar da água desapareceram, mas ouvia-se, claramente, o vento frio movendo galhos das árvores na janela. Olhei por baixo da porta da sala e era como se uma mão fizesse um esforço para entrar, com medo voltei ao quarto.
O frio da madrugada batia em meu corpo nú, em meio à uma multidão de medos, cobri, então, o corpo todo incluindo a cabeça. Um silêncio moribundo aflorava-se, por isso o sono começava a se manifestar, entretanto acordei em prantos quando a queda de algo fez ecoar um barulho na sala. Falei com os meus botões: "de novo! ".
Meus pés descalços formigaram - voltei a sala - virei à esquerda e à direita, girei em círculos com o bastão em mão, mas ninguém à vista, pensei comigo mesmo, " se não está em baixo talvez esteja no teto, por isso, calmamente levantei a minha cabeça reclinada, 180° para cima, em direção ao tecto, porém, coincidentemente a luz foi cortada, cruzes! - como podia estar isto a acontecer - comecei a ver vultos passando por mim, eu pisquei e os vultos desapareceram.
Gritei: "ajude-me meu Deus?" Mas ninguém respondeu, porque apenas o diabo estava lá.
Isolei-me no vértice da sala à espera do clarear do dia, ouvindo o ponteiro do relógio como uma bomba relógio, é, é isso, o tic tac do relógio, batia, apertava e contava seus minutos para a minha libertação.
Pensamentos sombrios proliferavam na minha cabeça como nuvens grisalhas em um dia chuvoso. Era uma tempestade combinada de tudo o que eu mais temia, fazendo-me sentir a minha vida esvair-se dentre os meus dedos.
Finalmente, o sol veio clarear o dia, um, dois, talvez três vizinhos vieram até mim, eu tive medo de dizer o que se estava a passar, receando cair no ridículo, preferi dizer que tinham durante a noite ladrões, mas a vizinha retrucou:
- Nunca ninguém ficou nessa casa jovem, até os próprios filhos mesmo tendo essa casa disponível, preferem arrendar. Só que você é arrogante, não fala com ninguém por isso só te olhamos [...]
~Ab Binadre WZ