O  sorriso  que  surgiu  enquanto  acompanhava  as  reações  de  aaron  às  suas  palavras

o  sorriso  que  surgiu  enquanto  acompanhava  as  reações  de  aaron  às  suas  palavras  irradiava  autenticidade. assim  como  havia  sentido  em  sua  conversa  com  graziella  ,  o  alívio  quase  tangível  de  ter  sua  opinião  validada  por  ele  era  inegável.  em  toda  a  sua  capacidade  mental  ,  não  conseguia  compreender  a  resposta  desproporcional  e  instintiva  que  as  superstições  acerca da  maldição  lhe  provocavam. naturalmente  ,  como  qualquer  mente  racional ,  a  ideia  de  acreditar  em  magia  era  absurda. o  que  escapava  era  a  razão  pela  qual  aquele  mito  específico  a  atingia  de  maneira  tão  visceral. inspirando  internamente  ,  um  riso  suave  escapou  de  seus  lábios  ao  ouvir  a  descrição  carregada  de  acidez  do  blackwell. doenças  mentais  certamente  não  deveriam  ser  banalizadas  ,  mas  a  absurda  natureza  da  situação  exigia  uma  pitada  de  humor  distorcido. ❝  e  a  união  será  oficializada  por  um  psiquiatra  que  também  é  padre  aos  finais  de  semana. ❞  os  olhos  reviraram  em  uma  mescla  de  exasperação  e  ironia  ,  antes  de  concordar  com  veemência. ❝  é  claramente  uma  manchete  sensacionalista. não  me  chocaria  se  fosse  alguma  família  tentando  encobrir  algum  escândalo ,  como  tantas  vezes  já  fizeram. ❞  replicando  a  respiração  masculina  ,  ponderou. ❝  ou  então  ,  alguém  com  algum  tipo  de  questão  em  relação  à  vivianne. não  que  eu  os  culpe  ,  a  essa  altura. quem  quer  que  seja  ,  provavelmente  decidiu  unir  o  útil  ao  agradável  ao  colocar  os  holofotes  sobre  ela. ❞  com  um  olhar  breve  para  a  xícara  quase  vazia  à  sua  frente  ,  solicitou  outra  ,  agora  acompanhada  de  alguns  biscottis  ,  aceitando  mentalmente  que  o  treino  de  tênis  teria  que  compensar  os  carboidratos  excedentes. ❝  estão  dizendo  que  ela  é  a  catalisadora  de  tudo. ❞  meneando  a  cabeça  em  uma  mescla  de  decepção  e  resignação  ,  beliscou  um  pedaço  da  massa  com  amêndoas  ,  suprimindo  um  suspiro  de  prazer  ao  sabor  delicado. ❝  mas  esses  rumores  à  parte . ❞  mudou  o  tom ,  fixando  o  olhar  no  amigo  com  curiosidade. ❝  como  foi  o  turno  de  ontem  ?  alguma novidade no  the  loft  ?  ❞  neslihan  dificilmente  se  colocava  como  o  epicentro  de  boatos  ,  mas  a  perspectiva  de  aaron  sempre  trazia  um  frescor  ao  cenário  que  ela  cuidadosamente  observava  à  distância.

O  sorriso  que  surgiu  enquanto  acompanhava  as  reações  de  aaron  às  suas  palavras

Aaron não sabia dizer muito bem como aquela amizade começou, mas, em algum momento, Nes havia se tornado uma constante tão sólida em sua vida que parecia impossível imaginar o mundo sem ela. Era como se ela sempre tivesse estado lá, assim como todas as tradições que eles passaram a adotar após mais de uma década de amizade. A amiga era uma constante, atravessando as diferentes fases ao lado dele com tranquilidade e, ao mesmo tempo, firmeza. Ela tinha a incrível habilidade de nunca levar seu mau humor a sério demais, como se fosse imune. E, embora ele nem sempre admitisse, havia algo reconfortante nessa dinâmica. "Honestamente?", perguntou, erguendo uma sobrancelha. "Eu não acredito nem um pouco". Aaron se debruçou sobre a mesa, totalmente capturado pela história. Mas ao invés de esperança, só vinha a descrença. "Porque, claro, todo dia a gente vê por aí dois pacientes apaixonados. Isso faz total sentido... Deve ser amor à primeira internação. Maldição quebrada, huh? Aposto que o próximo passo é eles se casarem no refeitório do hospital, logo depois da terapia de grupo." Ele soltou um suspiro cansado, balançando a cabeça. "Isso é só mais uma das mentiras que de vez em quando correm por aqui, aposto o que cê quiser".

Aaron Não Sabia Dizer Muito Bem Como Aquela Amizade Começou, Mas, Em Algum Momento, Nes Havia Se Tornado

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ㅤㅤㅤ‎‎𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... A NESLIHAN MOODBOARD !
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❝ one day she will discover that not even she can hold herself back because her passions burn brighter than her fears !

@khdpontos


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3 months ago
Missing Object : O Broche De Kimberly By : @aaronblackwell & @neslihvns 📍 Monte Cielo - Polizzi Generosa
Missing Object : O Broche De Kimberly By : @aaronblackwell & @neslihvns 📍 Monte Cielo - Polizzi Generosa

missing object : o broche de kimberly by : @aaronblackwell & @neslihvns 📍 monte cielo - polizzi generosa , região metropolitana de palermo . sicília !

Aaron estava sentado diante do laptop, a tela iluminando seu rosto cansado. O Monte Cielo era um desafio real, muito além de uma simples escalada. Ele analisava mapas topográficos, cruzava informações meteorológicas e lia relatórios de expedições anteriores – as poucas que tinham voltado para contar a história. O tempo ali era instável, as tempestades podiam se formar em questão de horas, e o gelo acumulado tornava tudo mais traiçoeiro. O que mais chamava sua atenção, no entanto, era a falta de registros sobre o Vale dos Desaparecidos. Nenhuma informação concreta, nenhuma explicação plausível. Apenas teorias e lendas.

Ele já teria descartado isso antes. Mas agora? Agora ele estava aceitando que talvez existisse algo além do que a lógica poderia explicar. Não era só o mistério do monte, ou o fato de todos que tentaram voltar de lá saírem confusos, era tudo que estava acontecendo com eles. A maldição, as coincidências que não pareciam coincidências, e principalmente... Nes. A presença constante dela em sua vida, a parceria entre eles, a sintonia e as similaridades. Blackwell passou muito tempo pensando na história das almas gêmeas e em como talvez Nes ocupasse um lugar outro, ainda mais especial para ele, de irmã, de quem ele podia contar. 

Por mais que Neslihan ainda nutrisse profunda resistência em aceitar que aquilo tudo poderia envolvê-la de qualquer forma que fosse, Aaron parecia querer desvendar e ponderar sobre o mistério, Olivia parecia querer encontrar verdadeiro amor em sua vida — e desconfiava dos motivos para tal —, e não havia medo de condenar alguém a passar o resto da vida consigo no mundo que a faria rejeitar duas das mais importantes presenças em sua vida. Obra do acaso, ou não, porque ela tinha um quê de dúvida acerca da imparcialidade de Aaron com aquela divisão, a Gökçe o tinha ao seu lado, e fora o único motivo por ceder mais facilmente às demandas de Zafira. As passagens, reservas e credenciais eram todas adquiridas com relutância, bem como o guia, que, por segurança ante as informações que recebera de Ace, vira-se obrigada a contratar.

Palermo. A cidade conversava com Neslihan pela confluência de culturas que a compunha, assim como fazia com a mulher, pela arte e pela gastronomia. O azul do Tirreno a acalmava, talvez pela possibilidade de perder-se na imensidão que comportava. A Sicília como o afago de uma avó, que ela nunca conhecera, mas na ilha sentia o calor do afeto. Chegar até o local era relativamente fácil, a viagem de carro até Florença era carregada de uma tensão sutil, embora as palavras entre eles fluíssem com a familiaridade de mais de duas décadas. Já o voo de pouco mais de uma hora era passado em completo silêncio, os pensamentos perambulando de um canto a outro do mundo ante as possibilidades e a monumentalidade do que o futuro reservava. Com o desembarque, outro carro elétrico os esperava, e a distância entre o aeroporto e o Grand Hotel et des Palmes era percorrida em um piscar de olhos ressecados e pálpebras em espasmo, inquietação e apreensão consumindo cada terminação nervosa do próprio corpo. Com os nomes deles dados na recepção, era como um anúncio apocalíptico do que os esperava. A noite que deveria ser um interlúdio de descanso, logo tornou-se um turbilhão de inquietude, e a mulher viu-se tentada a procurar alento no imprevisível, somente a noção de que Aaron estava a alguns metros longe de si, fez com que se contentasse com inúmeras voltas na piscina, o gélido da água cortando a apreensão que se alastrava por seus membros.

As mochilas abastecidas de provisões os esperavam na manhã seguinte, ambas fixas ao aperto de Alessandro, quem os orientaria e guiaria o caminho pelo Monte e Vale. A expressão adornando o rosto alheio só poderia ser descrita como contrária e reticente, e um toque apreensivo se esgueirou pela consciência de Neslihan, mas a urgência em suas veias logo fez com que o raciocínio se dissipasse. O navegador dava as direções enquanto tensão pesava nos ombros femininos, o volante agindo como amortecedor para o aperto de suas palmas, Aaron ao seu lado, tão taciturno quanto a introspecção que ela adotava. Sandro parecia inquieto, os olhos perambulando pelo interior do carro, pela vista panorâmica da ilha, encarando as próprias mãos e com respostas de apenas uma palavra por todo o trajeto de quase duas horas até o Monte Cielo.

O pico glacial reluzia sob o céu límpido, o gelo refletindo como um diamante. Mesmo ao pé da cordilheira o ar já era lancinante, fisgando os pulmões e cortando as bochechas. Com um longo olhar trocado entre eles, ergueram a bolsa contendo os equipamentos que ele havia alugado, retirando as roupas apropriadas e as vestindo por cima das camadas térmicas que Alessandro havia os instruído a portar. A previsão era inconstante, como parecia ser a norma nos arredores da cadeia de montanhas que tinha o Cielo como o maior pico, e não sabendo o que exatamente os esperaria, equipavam-se com piolets, arneses, celulares analógicos, crampons, GPSs com bússola, capacetes, luvas, bastões, cordas, botas e barracas térmicas. Garrafas com água e comidas eram mantidas separadas, em compartimentos impermeabilizados e próprios, de fácil acesso. Por sorte, ambos possuíam um bom condicionamento físico e apenas uma aclimatação de algumas horas, nas partes mais planas e baixas do Monte, fora necessária.

A centenas de metros do nível do Tirreno, Aaron e Neslihan então começavam a ascensão de milhares de metros até o topo, para então se aventurarem no desconhecido do Vale, onde o suposto avião havia desaparecido há quase um século. O terreno íngreme era a menor das preocupações, quando glaciares repletos de crevasses tornavam cada passo incerto. Nevascas os faziam se agarrar à encosta da montanha traiçoeira, por horas incapazes de sequer enxergarem um ao outro, apenas o instinto comunicando que não haviam perdido a conexão que os mantinha próximos. Em meio às tempestades, a neve parecia se intensificar a cada centímetro que se aproximavam do pico, a barraca se tornando inútil, impossível de ser utilizada com o entardecer. Com a junção de vento e rocha os punindo, conseguiam apenas aterem-se aos bastões cravados no aclive de gelo. Neslihan era incapaz de pensamentos além de súplicas ao universo, o coração apertando a cada movimento que os aproximava do desconhecido. Não era bem aquele tipo de adrenalina que ela gostava de se alimentar.

No caminho, o cansaço pesava. O frio, a altitude, o tempo. Cada passo parecia um esforço monumental, e o pior era saber que isso ainda não era nem metade da batalha. Ele segurava firme os equipamentos, tentava manter a clareza para que pudessem continuar. Mas ele estava esgotado. Mental e fisicamente.

Missing Object : O Broche De Kimberly By : @aaronblackwell & @neslihvns 📍 Monte Cielo - Polizzi Generosa

A subida, que deveria ter sido finalizada em um dia, já tomava quase dois, e cada segundo era um fôlego roubado de seu futuro. Um peso de centenas de anos parecia afixado ao seu peito, os braços tremulando e pernas cedendo ao terreno irregular e enganoso. A garganta se fechava e a respiração ofegante não era somente pelo esforço físico, mas por puro medo de perder Ace, de jamais chegarem ao outro lado quando tinham tomado para si aquela responsabilidade. O sentimento pujante tomava conta de cada terminação nervosa da Gökçe. Ao mesmo tempo em que perdia o equilíbrio em uma das passagens estreitas, somente o aperto de Aaron a mantendo como membro do reino dos vivos, praguejava Zafira, Khadel, Rose e quem quer que estivesse envolvido naquela sandice que a colocava à beira de um colapso.

À medida que as horas passavam na montanha carregada de neve e os perigos iam aumentando, Aaron se sentia quase sufocado pelo medo de algo acontecer com sua parceira, sua dupla, a pessoa que esteve ao seu lado nos melhores e nos piores momentos. Era um medo absurdo e irracional de perdê-la. Ele sempre cuidou dela, de um jeito ou de outro. Mas a viagem estava deixando tudo mais claro. O medo que sentiu ao vê-la quase perder o equilíbrio em uma das trilhas íngremes, a maneira como seu coração apertava toda vez que o tempo fechava de repente e ela desaparecia de vista por um segundo. Ele sempre viu Nes como sua melhor amiga, sua parceira de caos. Mas e se fosse mais do que isso? As coisas estavam confusas demais naquele momento e Aaron decidiu que talvez não fosse a hora de descartar hipóteses de maneira tão enfática.

Então, como o raiar de um novo dia, o topo estava diante deles. Deserto, desprovido de nuvens, a visão era vasta, e de onde estavam, o ar rarefeito e o cansaço físico faziam do pico uma miragem, um oásis de calmaria. Resfolegando, Neslihan, pela primeira vez desde que encontrara os olhos de Aaron na comuna de Polizzi Generosa, deixava que seu olhar se firmasse ao dele novamente. As íris se embaçavam com lágrimas, rapidamente contidas, mas permitia que as palmas enluvadas fizessem o caminho até as dele, sentindo a segurança que ele exalava, mesmo que exaurido, como ela. 

Deveriam ter esperado, passado a noite descansando os músculos esgotados e recuperando a sanidade, permitindo que as mentes se acalmassem, mas já haviam perdido tempo demais na subida, e tempo era a essência. O Vale os aguardava, clamando por eles, uma força maior que os puxava para o epicentro do desconhecido. O vão entre o Monte Cielo e o Monte Vespero era o lar do Valle degli Sconosciuti, completamente inexplorado e isolado. Quase mítico, nem a mais extensa das pesquisas tinha fornecido detalhes concretos a Neslihan e Aaron. Sabiam apenas que o gelo que cobria o local era quase impenetrável, soterrando qualquer vestígio da queda secular. Com apenas algumas horas ociosas, eles discutiam possibilidades e planos, enquanto Sandro permanecia alheio, e quando se levantaram, vestindo, calçando e prendendo os equipamentos, o motivo por tal logo se revelou.

Alessandro anunciou que os levaria apenas até aquele determinado ponto. E ele não parecia do tipo que recuava fácil. Aquilo acendeu um certo alerta de perigo na mente cautelosa de Aaron, a preocupação parecia aumentar cada vez mais e ele se perguntava se talvez não fosse melhor pegar na mão de Nes, dizer que tudo ia ficar bem e abortar a missão. Será que valia tanto a pena assim descobrir quem era sua alma gêmea? De que valeria saber de qualquer coisa se havia um grande risco de morrerem? ❛ Daqui em diante, vocês estão sozinhos ❜, foi o que disse, quase como um aviso. Aaron deveria ter escutado. Deveria ter reconsiderado. Mas Nes já tinha conseguido as autorizações, e não era como se ele fosse deixá-la seguir sozinha. E se havia uma coisa que sabia sobre a amiga, é que ela conseguia ser cabeça dura quando queria. Ainda mais do que ele.

Os olhos de Neslihan faiscavam em fúria, e não fosse pela necessidade do piolet para o retorno, teria arremessado o objeto pontiagudo na figura do homem de meia idade. Se ela pudesse, teria o enterrado no declive, para nunca mais ser encontrado. Fosse ela um pouco mais cuidadosa em seu raciocínio, anuviado pela impetuosidade dos sentimentos de indignação e raiva, um sinal teria ascendido aos pensamentos, um aviso de cautela em seu consciente. Com profanidades na ponta da língua, somente a urgência de seguir em frente e acabar com aquele mistério que parecia intrigar o Blackwell e algum dos outros, fez com que ela lançasse apenas o mais vil dos olhares a Alessandro, antes de seguir a passadas firmes as imediações do pico até o outro lado.

De acordo com o mapeamento feito por Aaron, deveriam permanecer na encosta no sentido Sul por alguns quilômetros e então Leste. A apenas alguns passos na direção necessária, uma cortina de neve parecia cair sobre eles, como se eles houvessem pisado em um sensor ativando o temporal gélido. Com a baixa visibilidade, e sem o auxílio do guia, eles não tinham opção alguma se não manterem-se presos um ao outro pela corda de poliamida. Algumas horas seguindo o que achavam ser a porção austral da descida, por sorte não eram surpreendidos por profundos crevasses, mas seracs pareciam se esgueirar pelas laterais, formando uma trilha quase transcendente. Quando se depararam com uma formação impossível de escalar, restou a eles a única opção de contorná-la, e com o primeiro movimento fora do esperado consultaram os GPSs. Para o completo desespero, a agulha que supostamente deveria estar magnetizada aos polos da Terra, se movia em todas as coordenadas possíveis, hora indicando um passo deles para o Norte, o seguinte para o Oeste, outro para o Sul, e cada um dado na mesma direção que o anterior.

Pressionando as palmas contra as pálpebras cerradas, Neslihan virou-se para Aaron, repousando a testa sobre o ombro masculino. Tomando profundas respirações, pânico parecia querer tomar conta de seus pulmões, apenas o peso da mão dele contra o próprio braço fazia com que parte do senso retornasse aos nervos. Lembrava-se então do telefone com sinal de satélite, e com esperança, retirava o aparelho do bolso, somente para perceber que ele também parecia estar com mal funcionamento. Eles estavam perdidos. Completamente perdidos. Recostando contra a formação de gelo, as têmporas latejavam. Eles tinham apenas uma garrafa de água entre eles e dois pacotes de frutas desidratadas até conseguirem a saída daquele inferno gélido.

Com o olhar voltado para o horizonte que parecia infinito, um cintilar fisgou a atenção das íris marejadas. Um brilho tão sútil em meio à tormenta alva da nevasca, que precisou de um tempo isolando as palavras de Aaron, para que o prateado fosco se registrasse na retina. Exclamando, desprendendo-se dele com a abertura do mosquetão, disparou em direção ao lampejo, sem dar-se conta do ranger do gelo que seguia em seu encalço. Sabia que o homem a acompanhava, ele iria até nos confins do Universo com ela, e faria o mesmo por ele. A corrida até o que parecia poucos metros de distância mais se aproximava de uma hora, os olhos castanhos fixos ao ponto enquanto batalhava com a fadiga na respiração, o peso da mochila, e o vento que machucava a ponta do nariz, bochechas e lábios descobertos. Aquela adrenalina de um risco dando resultado era a que a energizava.

Um último pulo sobre um crevasse pequeno os colocava de cara com o que somente poderia ser a fuselagem do avião perdido. Os joelhos se afundavam na vastidão branca ao mesmo tempo em que eles arrancavam o primeiro par de luvas, cavando nos arredores da protuberância metálica exposta. O segundo par de luvas logo se tornava encharcado e Neslihan então percebia o possível motivo pela visibilidade repentina do metal retorcido. Degelo. Um riso amargo escapava a garganta ressecada. Aquecimento global, justo o que tanto a preocupava e uma de suas maiores causas, naquele momento era o maior aliado que eles poderiam pedir. Compreendia então a razão por aquele acidente parecer tão quimérico, sem visuais, sem vestígios. Somente diante do aumento das temperaturas, o derretimento do gelo e neve que se formara ao longo de quase cem anos, era possível. Balançando a cabeça em incredulidade, permaneciam tateando toda a superfície esbranquiçada, encontrando ouro, prata, bronze, madeira, louças, cerâmicas. E então, como se um ímã os atraísse, alcançaram ao mesmo tempo uma caixa não muito maior que a palma feminina.

O porta joia parecia feito de genuíno casco de tartaruga, o material pulsando entre as mãos deles, que o seguravam firmemente, receosos de que fosse uma miragem delirante de ambos. Firmando a ponta de um dos dedos da luva entre os dentes, Neslihan puxou-a delicadamente, descobrindo os dígitos, que imediatamente protestaram a temperatura negativa. Tremulando, apalpou o calor que parecia emanar, até encontrar um pequeno botão, que fez a tampa se abrir lentamente, o mecanismo certamente enrijecido pelo tempo e frio. Aninhado no veludo tão escuro como a noite, o broche descansava. Assim que tocaram o marfim que formava a delicada rosa, o mundo cessava. Os flocos de neve suspensos por meros segundos, as orbes deles presas umas às outras, castanhas às azuis. Um peso antigo que a eles não pertencia se espalhava pelo corpo de cada um, os paralisando por milésimos, antes de todas as sensações retornarem em um ímpeto, os sufocando momentaneamente. Haviam encontrado a relíquia. Imediatamente a mulher dispensava a experiência que beirava o sobrenatural como puro alívio percorrendo o sangue.

O que poderia ser descrito como euforia tomava as reações de Neslihan, que se atirava ao abraço de Aaron no mesmo instante. O sorriso era contagiante, e eles comemoravam, não importava que logo precisariam enfrentar o processo todo novamente, agora com a adição dos compassos digitais e telefones defeituosos. Os lábios entreabriam para comemorar, quando tudo ruiu. 

O estalo foi a única coisa que deu tempo de ouvir antes de tudo se partir. O gelo cedia rápido demais, e num instinto, Aaron se colocava na frente de Nes. O chão sumiu sob seus pés e ele sentiu a queda. O impacto foi violento. Um som seco, um choque cortante no corpo inteiro. Algo cortou seu rosto, a dor latejante na perna indicava que algo estava quebrado. E a cabeça... Ele piscou, tonto, tentando se manter acordado. O frio mordia sua pele, a névoa ao redor parecia engolir tudo.

Com o grito que escapava dela ainda ecoando, o baque era amortecido pelo corpo de Aaron. Por longos instantes, tudo parecia girar. A destra descoberta ardendo como se a tivesse colocado no fogo, o ombro esquerdo pulsando como se o coração dentro do peito tivesse se deslocado para o local. E então algo úmido e pegajoso alcançava a palma ainda queimando. 

A única coisa que importava era ela. ❝ Nessie... ❞ Ele tentou falar, a voz rouca, quase inaudível.

O som falho, rasgado e doído, era acompanhado da percepção de que o líquido que se esgueirava pelos dígitos femininos era o carmesim espesso do sangue de Aaron. ❝ Ace! ❞ Sacudindo a neblina que se formava entre os ouvidos, Neslihan era acometida por apatia incomum. O talho na tez masculina desprovida de cor era gráfico, bem como a projeção inatural do fêmur e tíbia esquerdos. Algo também não estava certo com a respiração masculina, e a maneira como a pele dele espasmava, adotando uma tonalidade azul, infundia a mulher com a mais pura e corrosiva culpa. Se não tivesse seguido adiante, se tivesse insistido em não fazerem parte daquele show de fantoches que Zafira armara, se não tivesse se atirado na direção de algo claramente perigoso, apenas para sentir a adrenalina da vitória, se tivesse se atentado que o mesmo fenômeno que os permitia visibilidade poderia condená-los, se, se, se. Era tarde demais para pensar neles.

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Ela estava ali, viva. E, por um instante, isso foi suficiente para ele suportar a dor. Aaron nunca teve problema em se jogar em situações de risco. Mas agora, tudo o que ele queria era sair dali. Com ela. Porque, maldição ou não, Nes era uma das únicas coisas naquele mundo que ele não podia perder.

Um soluço quase gutural deixava os lábios, os dentes batendo um contra o outro, e somente então percebia que água gélida escorria pelas paredes ocas do glaciar que os engolira e fazia um atalho até as roupas deles. Aaron parecia ter perdido a luta com a lucidez, o corpo retesado agora sem reação alguma que não a respiração laboriosa. Deslizando pelo gelo como navalha, não mais frágil, sob eles, sentiu o tecido cobrindo os joelhos tensionar e ceder. Com a mão direita escoriada profundamente, tateou pela superfície glacial, desnorteada. Se parasse um segundo sequer, sabia que pânico tomaria o controle e não cederia seu lugar à razão. ❝ Pense, Neslihan. Pense pelo menos uma vez na sua vida! ❞ Vociferando para si mesma, podia sentir a visão turvando com a ansiedade aguda, mas cravando as unhas irregulares, umas quebradas, outras ainda intactas, no joelho exposto, mantinha-se ancorada à realidade.

O peso da mochila pressionava contra o ombro que perdia a sensibilidade, e a espalhava para o restante do braço. A constrição a fazia recordar do kit de primeiros socorros. Quase estourando o zíper na pressa de encontrar algo que pudesse ocupar a mão ainda funcional para que o raciocínio pudesse ser liberado, nem mesmo dava-se conta de que não havia nada no conjunto de suprimentos que poderia ajudar na situação de Aaron, não quando tinha a certeza de fraturas, o corte comprido e espesso demais para qualquer uma das ataduras e um possível traumatismo craniano. A destra lacerada gritava contra a aspereza de tudo que entrava em contato, quando encostou no plástico frio do GPS e celular. Fechando o punho ao redor deles, preparava-se para atirá-los contra a parede de gelo, quando viu a leitura do sinal. Impossível.

❝ Impossível! ❞ A palavra reverberava. Como ela poderia acreditar ser possível, quando há algumas horas, o mesmo aparelho parecera inútil. Poderia ser uma alucinação, ainda que não recordasse de dor alguma na cabeça? Depositando-os sobre o nylon da bolsa, levou os dígitos manchados de vermelho até a raiz dos fios, tateando o local por algum ponto sensível, sem sucesso. Retornando o olhar para Aaron, sentiu algumas lágrimas transbordarem, trilhando um caminho pelas bochechas feridas pelo frio. Com movimentos titubeantes, em descrença e desesperança, teclou 118 nos botões rígidos. Com o primeiro toque, toda a vivacidade ainda presente em seu corpo parecia se esvair em alívio. A voz mecânica não demorou mais do que cinco segundos para responder, mas que mais se assemelhavam a cinco horas. ❝ Aiuto! Ho bisogno di aiuto. Per favore. Siamo caduti e il mio migliore amico è gravemente ferito. Si è rotto una gamba... I-I-penso che abbia un trauma cranico e penso che abbia anche l'ipotermia. Anch'io sono ferita, ma ho solo bisogno che tu lo salvi. Siamo da qualche parte tra Monte Cielo e Monte Vespero. Penso… penso di poterti dare le nostre coordinate esatte, ho un GPS con me. Per favore, sbrigati e salvalo. ❞ ¹ O pedido saía quase em único fôlego, as gotas salobras caindo livremente das pálpebras. Equilibrando o telefone entre a orelha e o ombro saudável, alcançou o Garmin, e ditou exatamente o que prometera.

Assim que as coordenadas deixavam os lábios, e a linha desconectava com a promessa de que tudo ficaria bem, Neslihan retirava sua jaqueta, a colocando sobre Aaron, forçando-se mais próxima dele, na tentativa de passar o próprio calor, ainda que já pudesse ver as próprias unhas tornando-se arroxeadas ao transferir suas luvas para as mãos dele, e temesse machucá-lo ainda mais. ❝ Ace, por favor, não me deixe sozinha. Eu prometo ser uma pessoa melhor, me redimir por ter te causado isso. ❞ As lágrimas passavam a ser copiosas, comprometendo sua visão, fluindo pelo material impermeável e térmico que o cobria. Passeando os dedos pelos fios alheios, repousou a testa sobre a dele. ❝ Por favor, não me deixe sozinha. ❞ A súplica era repetida por centenas de vezes, até apenas um sussurro restar ao ouvir a rotação de hélices em meio à cacofonia dos próprios pensamentos. Com o último resquício de força em si, agarrou o porta joia e o guardou em um dos bolsos da própria calça. A Gökçe vibrava em ódio. Se ela perdesse Aaron por conta daquele maldito broche, daquela cidade infeliz, por conta daquela história de maldição infernal, ela garantiria um destino muito pior do que um século de desamor a todos.

@khdpontos


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : é impossível manter a civilidade com você

✉️ : ...

✉️ : e quantas páginas você já leu ? vinte ?

✉️ : se parecer com sr. darcy você se refere a uma pessoa estimada , valiosa , justa , com princípios e livre para ser e fazer o que quiser , sim , eu sou exatamente o sr. darcy

✉️ : já você , parece a sra. bennet

✉️ : quando terminar orgulho e preconceito , sugiro morro dos ventos uivantes

✉️ : realmente , útil para conseguir processos de assédio e atentado ao pudor

✉️ : eu espero que você saiba que vai ser a pior noite da sua vida

✉️ : um completo pesadelo

SMS to [docinho]

📲 [milo]: haha you wish

📲 [milo]: atração? você já me mandou à merda com mais fogo do que beijou ele aquela noite

📲 [milo]: é claro que levarei! mas primeiro tem o brunch que eu prometi. aparentemente, as mulheres do clube do livro querem me conhecer

📲 [milo]: ja leu orgulho e preconceito? comecei esses dias

📲 [milo]: você parece o mr darcy

📲 [milo]: anotado: você quer amarrar minha boca. podemos fazer acontecer, mas eu te garanto que sou muito mais útil com ela livre

📲 [milo]: tarde demais. já tá decidido

📲 [milo]: você perdeu, darcy, agora vá escolher seu vestido para o encontro, mesmo que seu parceiro seja apenas tolerável


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3 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : antes da revelação !

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

a respiração que tomava era profunda e carregada de frustração . por vezes , questionava-se sobre o motivo de ainda se empenhar em mediar as tensões entre aquela amizade que , outrora preciosa , agora parecia trazer apenas desgosto . as boas lembranças vacilavam sempre que o assunto vinha à tona com aaron , e, embora ainda resplandecessem em sua mente , a cada dia a vontade de se apegar a elas se dissipava um pouco mais . era uma batalha incessante entre as convicções dele — que , a bem da verdade , eram justificadas — e a perspectiva de olivia , igualmente legítima , até mais dolorosa do que aquilo que ela e aaron haviam vivido . não que neslihan pudesse jamais confessar tal pensamento . não apenas porque sabia que ele interpretaria suas palavras de forma equivocada , mas porque prometera a liv manter silêncio . e , depois de tudo o que haviam enfrentado juntas , pedaço por pedaço dos anos cruéis que as moldaram , quebrar essa promessa estava fora de questão . ❝ sim , você considerou . no passado , e não é essa a questão . estou falando do presente . ❞ era irônico que ela insistisse para que ele deixasse o passado onde deveria permanecer — apenas como memórias — quando , no fundo , ela própria era incapaz de se desvencilhar dele . ❝ ace… pelo contrário , foi muito maior do que ela foi capaz de te dizer naquele momento . ❞ com um longo suspiro , permitiu que os ombros cedessem antes de pousar uma das palmas sobre a dele . a tensão vibrava do amigo como um fio prestes a se romper , e a gökçe detestava vê-lo assim , com os músculos retesados , consumido por emoções que lutava para conter . era como se observasse um reflexo de si mesma — alguém que , mais vezes do que gostaria de admitir , tentava desesperadamente manter a sanidade e os próprios impulsos sob controle .

❝ tenho certeza de que você pensa que a perdoei rápido demais e que , no fim das contas , ela apenas me considerou . mas foram anos . anos até que eu encontrasse uma brecha grande o suficiente para reconstruir parte do que nós duas perdemos . você realmente acha que , quando ela voltou , tudo se desenrolou como se nada houvesse acontecido ? claro que não . e , sinceramente , eu não estaria a defendendo se tudo tivesse sido tão superficial . da mesma forma que insisto em defender você para ela . ❞ apertou suavemente a mão masculina antes de retomar a postura impecável . observou-o por um instante , franzindo levemente o nariz diante do tom e dos gestos que não refletiam verdades , mas apenas uma resistência silenciosa . ainda assim , ofereceu um pequeno sorriso — desprovido de calor , mas de um humor resignado diante do leve absurdo da situação . ❝ aaron… ❞ meneando a cabeça em incredulidade , tomou fôlego mais uma vez , seu corpo inteiro se movendo com a profundidade da respiração . ❝ se você prefere acr— na verdade , esquece . posso te fazer um pedido ? e , como sua melhor amiga de todas as eras , espero que me conceda isso com sinceridade . ❞ após a última mordida no biscotti levou o guardanapo ao canto dos lábios , que relutavam em expressar algo além de descontamento, e hesitou por um instante antes de prosseguir . ❝ da próxima vez que encontrar olivia , pelo tempo que estiverem juntos , tente deixar os ressentimentos do passado no passado . é tudo o que te peço . ❞ alguém teria que ceder . e , naquele momento , apenas ele possuía essa capacidade .

❝ como você disse , tudo tem limite , e há muito venho sendo puxada para os dois lados . não posso me dividir infinitamente , e jamais escolheria um em detrimento do outro — ambos me conhecem o suficiente para deduzirem isso . no fundo , vocês também sabem que ainda há algo que merece ser rememorado , ou não fariam tanto esforço para se colocarem constantemente no caminho um do outro . ❞ não era um ultimato , tampouco uma nova confissão — àquela altura , era uma súplica , e ela ansiava , com todas as forças , que ele fosse capaz de enxergar o significado nas entrelinhas . após sorver o final do ristretto , esboçou um discreto sorriso antes de acenar para a atendente , solicitando o fechamento de sua conta e a de aaron . ele ainda estava no meio da refeição , mas neslihan julgava ter dito tudo o que lhe era possível e não via sentido em prolongar ainda mais as fisgadas que aquele assunto provocava nele . ❝ offro io . ❞ a afirmação veio suave , enquanto seus olhos permaneciam fixos aos dele , carregando um brilho sutil — que esperava ser um equilíbrio delicado entre desculpa e compreensão . ❝ preciso ir , ou o que deveria ser apenas uma hora extra no fim do dia logo se tornará três . buon appetito ! ❞ ao se levantar , passou por ele com naturalidade , pousando levemente a mão sobre seu ombro antes de seguir adiante .

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encerrado !

@khdpontos

Aaron apertou a mandíbula, sentindo o peso das palavras de Nes. Ele odiava quando ela fazia isso—quando expunha as rachaduras da sua lógica como se estivesse apenas apontando o óbvio. Mas ao mesmo tempo, era por isso que ele a amava tanto. Gostava que sua melhor amiga não abaixava a cabeça para ele, mesmo quando estava no pior dos humores. Como aquele, naquela manhã. "Considerar um recomeço?" Ele riu, mas sem humor. "Eu considerei", disse entredentes, sem conseguir conter a frustração. Blackwell precisou fechar os olhos e respirar fundo, antes de continuar a falar, com mais calma. Comedidamente controlado. "Quando ela foi embora, considerei. Durante meses, anos, considerei. Mas tudo tem limite, porque em todas às vezes em que tentei...era como se estivesse tentando agarrar fumaça." Ele desviou o olhar, passando a mão no cabelo e bagunçando todos os fios, um hábito involuntário quando tentava conter a frustração. "Se tinha algo maior impedindo, ótimo. Mas nunca foi algo grande o suficiente pra ela sequer me dizer." Ele odiava falar sobre isso, odiava pensar que sua amizade não tinha sido suficiente para Olivia, enquanto a amizade de Nes sim. Porque cada vez que dizia em voz alta, ficava claro o quanto ainda importava para ele. Quando Nes perguntou por que ele escolheu lidar com Olivia, ele parou por um segundo. Sabia a resposta. Mas não queria admiti-la. "Sei lá", mentiu, dando de ombros. "Eu preferia que ela me evitasse, mas seria péssimo pra minha imagem ficar parecendo que estou recusando clientes. Sou profissional, não posso fazer isso." Ele ergueu uma sobrancelha, como se a resposta fosse evidente. "Ossos do ofício", tentou argumentar, ainda que essa não fosse a verdade inteira. Ainda que soubesse que Nes conseguia perceber a mentira. Ele poderia ter ignorado. Poderia ter mandado outra pessoa atendê-la. Mas não fez. Porque uma parte dele, por menor que fosse, apreciava as raras e pontuais interações que eles tinham.

Aaron Apertou A Mandíbula, Sentindo O Peso Das Palavras De Nes. Ele Odiava Quando Ela Fazia Isso—quando

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4 months ago

a menção aos montantes mensais que graziella insistia em destinar a causas sociais enchia neslihan de um orgulho sereno . sabia que o gesto provinha da genuína bondade que residia na essência da outra , e não como um subterfúgio fiscal para a vasta fortuna que detinha . era essa sinceridade que a diferenciava , embora qualquer um que apenas conhecesse a fachada meticulosamente calculada que a giordano apresentava ao mundo pudesse supor o contrário . agraciada com a verdadeira face daquela amizade , no entanto , sentia-se imensamente grata ao universo por ter tal presença em sua vida . ❝ tenho algumas opções , mas pensei que , dessa vez , você pudesse escolher . ❞ arqueou as sobrancelhas levemente , em sugestão . queria que a outra tivesse uma voz mais presente naquelas decisões . ❝ temos opções de lares sociais para mulheres , e famílias , em situações vulneráveis , lares para crianças em tratamento oncológico , organizações de proteção infanto-juvenil e incentivo à educação , construção de creches e berçários , além de clínicas de reabilitação infantil... posso te encaminhar a lista completa depois , você pode escolher um , ou todos . mas me ajude a decidir , grazi ? ❞ a expressão era gentil , carregada de esperança e intencional . o tema melancólico , logo deu lugar a um tom de leve exasperação, provocado pelos burburinhos que preencheram sua manhã . ❝ a única parte boa do meu dia até agora foi acordar com chaz e mark aconchegados na minha cama . ah , e te ver , claro ! ❞ com uma piscadela exagerada acrescentou , acompanhada de uma breve risada . era curioso como parecia ver a amiga com mais frequência do que o próprio reflexo no espelho . ❝ tenho um novo caso que saberei mais detalhes à tarde . mas , para ser honesta , tenho um mau pressentimento , que não adianta me debruçar sobre agora , ou só me deixará mais ansiosa . ❞ meneou a cabeça levemente , afastando os pensamentos inquietantes ao perceber a proximidade do restaurante . ❝ e você ? por favor , me diga que sua manhã foi mais emocionante do que a minha com os meus cachorros ! ❞ subindo os pequenos degraus da entrada , em um movimento ágil , empurrou a pesada porta ornamentada d'il giardino , oferecendo um sorriso cortês ao maître d' . com o mencionar dos sobrenomes de ambas , uma mesa externa as esperava . ❝ como está o meu martinez-giordano preferido ? ❞ a expressão era radiante ao referir-se a romeo , a simples menção do nome fazia o ambiente se enriquecer com o afeto que nutria pela figura tão diminuta .

A Menção Aos Montantes Mensais Que Graziella Insistia Em Destinar A Causas Sociais Enchia Neslihan

Graziella sabia que o modo como a mulher expressou a real intenção da italiana não foi de modo julgador, ainda mais porque sabia que uma das grandes motivações da Giordano era sempre se manter em cima. "É uma habilidade para poucos, estou ciente disso. Mas é uma que eu fico feliz em compartilhar consigo." Deu de ombros brevemente, mantendo o sorriso. Além faturar bastante dinheiro, Graziella gostava igualmente de gastá-lo e quando se tratava da melhor amiga, só havia um destino para o depósito. "Estou aguardando qual instituição deseja que seja feito o depósito desse mês." Anunciou enquanto direcionavam-se até o restaurante aonde iriam almoçar. Essa atitude da empresária era de conhecimento exclusivo de Nes, não apenas porque gostaria de manter segredo, mas porque, devido ao seu jeito e sua personalidade, ninguém sequer poderia imaginar que uma mulher que parecia tão arrogante quanto Graziella poderia ter um gesto grandioso. E ela preferia que continuasse dessa forma. "Como foi o dia até agora? E sem falar sobre esses burburinhos apaixonados porque não aguento mais. Parece que a cidade é só isso agora."

Graziella Sabia Que O Modo Como A Mulher Expressou A Real Intenção Da Italiana Não Foi De Modo Julgador,

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4 months ago

os dias que antecederam o fatídico encontro com camilo desenrolaram-se como um prelúdio de estranha quietude , e neslihan deveria ter decifrado a calmaria da como a bonança que precede uma tempestade . a dança travada entre ela e o homem era uma composição de espinhos e pétalas , um ritmo de contradições , que ao mesmo tempo que a avivava , se entrelaçava com receio e a noção de que tudo nada mais era que uma miragem . sob o disfarce da aposta e a justificava da suposta maldição que os unia , embora soubesse que não passava de um jogo de caprichos e vontades , havia pouco o que pudesse ser contestado , não com o ricci envolvido na trama e sua palavra em linha .

relendo pela oitava vez a mensagem que detalhava os planos para a noite , soltou um suspiro , o gesto carregado de resignação e com um toque apreensivo . não pelo que certamente a esperava , o conhecia e as expectativas não eram grandiosas . não , a gökçe , quando devidamente preparada , habituara a pressupor o mínimo de camilo para evitar ter decepção como o único sentimento correndo em suas veias além da ira latente . o que levava ao real motivo da inquietude . o algo a mais que parecia residir nos olhos castanhos do homem — o brilho sagaz , a gentileza involuntária revelada nos pequenos gestos de acolher e proteger animais — e que ele insistia em ocultar , fazendo-a questionar a verdadeira profundidade do homem . seria ele capaz de enxergar além , perceber o tormento que ainda regia o interior feminino , ter um olhar mais crítico do que demonstrava com o egocentrismo típico de um herdeiro acostumado a excessos .

vermelho , neslihan não trajava apenas uma cor , mas uma armadura . a exuberância da tonalidade distrairia breves atenções , desviando-os do corpo . longe dos hematomas amarelados e púrpuras que salpicavam o lado direito das costelas , cuidadosamente ocultos pelo corte estratégico que evidenciava a pele oposta . a seda luxuosa deslisava suavemente sobre a pele , sem abrasar os pequenos cortes que trilhavam a extensão entre quadril e coxa , também velados pela fenda que se abria expondo a perna oposta . um artifício de ilusões , uma arte que dominava desde o momento em que nascera uma şahverdi . os dígitos da destra , adornados pelos anéis de herança materna , descendiam pelo tecido enquanto as íris permaneciam fixas às janelas da villa , em espera da interrupção do interfone conectando os portões de ferro ao interior terracota .

com a canhota entremeava os dedos no pelo aveludado de mark , que a vinha perseguindo como uma sombra protetora desde a sua queda . afagando o animal , desvinculou-se do peso sobre o seu colo com o surgir do par de faróis à distância . apressou-se para abrir a barreira , os saltos em camurça a carregando porta afora , aguardando-o contornar a entrada . o sorriso oferecido era genuíno ao rosto repleto de linhas do tempo , os fios prateados reluzindo ao abrir-lhe a porta do veículo . ❝ grazie mille , signore . ❞ aceitando a palma calorosa como apoio , viu-se envolta pelo interior luxuoso , a conversa em tom animado a acalentando e fazendo o trajeto desaparecer com um pestanejo .

entretida pela cadência do timbre rouco contando histórias de seus netos , neslihan acompanhou a figura levemente curvada até que ele estendesse uma mão novamente , assegurando sua saída . com os lábios ainda presos em humor , não foi até que a exclamação de camilo ecoasse , que percebeu que ali ele estava , as vestes inteiramente pretas destacando o bronzeado da pele . com o elogio soando verdadeiro em seus ouvidos , o sorriso que havia caído retornou , surpreso . deliberando sobre a exigência feita quanto a refrear seu temperamento sanguíneo , girou lentamente em seus calcanhares , o riso escapando mais natural do que antecipava . o recorte pairava logo acima das costelas , alto o suficiente para quase nada revelar na baixa iluminação noturna . ❝ você também está muito... charmoso . ❞ o reconhecimento saía em hesitação , delongando-se no adjetivo , ainda que tivesse de admitir que os óculos conferiam um toque de charme na expressão usualmente presunçosa .

atendo-se ao braço que era oferecido , permitiu-se acompanhá-lo , o calor alheio e a proximidade provocando consciência incômoda na pele . com a sugestão polida , solevou uma das sobrancelhas em diversão . ❝ oh , não . prefiro a área externa , o ar livre será meu maior aliado hoje . ❞ flexionando a palma que segurava a bolsa , a postura enrijeceu-se com as próximas palavras , a outra sobrancelha arqueando . ❝ como você se lembra que eu sou vegetariana ? ❞ embora a dieta não fosse um segredo , o fato dele recordar-se e assegurar que as necessidades dela fossem acomodadas...

um pensamento alarmante a atingiu . antes não cogitava por um minuto que camilo pudesse levar a sério a busca por sua alma gêmea , e a noção era o que a tinha feito aquiescer tão facilmente . mas... seria possível que ele realmente acreditasse no amor perdido há gerações ? e o mais aterrador , poderia ele considerar que eles fossem destinados um do outro ? a consideração a fez ter um acesso de tosse , o som quase histérico , e precisou impedi-lo de adentrar il giardino — onde inúmeros olhares já os fitavam — com as unhas flexionando sobre o tecido escuro . tomando longas respirações tingidas de um leve pânico , não permitiu que ele a questionasse ou sequer oferecesse consolo . assentindo , seguiu em direção ao maître d' aguardando , os lábios forçados formando o sobrenome masculino , antes de serem guiados até o romântico ambiente , aceso com velas e o aroma de rosas permeando .

subestimá-lo havia sido um erro , neslihan deveria ter se preparado para uma guerra . a única saída era ser tão encantadora e desprovida de qualquer semelhança com o seu eu , a ponto de assustá-lo . ❝ então , podemos começar com uma taça ? ❞ a voz era doce e o pedido de permissão formava um arrepio em sua espinha . agradecendo à carta que o cameriere depositava nas mãos de ambos — um olhar esperançoso por detrás da expressão neutra que ele adotava — , pousou as íris no ricci , com uma leve inclinação de cabeça , sorrindo . ❝ imagino que você conheça os melhores , e tenho certeza que escolherá o perfeito para harmonizar com… o que tenha planejado ! ❞ com o toque trêmulo pela ansiedade abaixou o papel linho . ❝ o que sugere , milo ? ❞ o apelido era um que ela nunca havia utilizado , mas ouvira vez ou outra ser proferido com carinho e , ali , o aderia com naturalidade .

Os Dias Que Antecederam O Fatídico Encontro Com Camilo Desenrolaram-se Como Um Prelúdio De Estranha

DINNER DATE at Il Giardino

with. @neslihvns

na direção do restaurante, camilo não pensava muito sobre a maldição, almas gêmeas ou o ocorrido naquela noite misteriosa. como se recuperasse finalmente um pequeno resquício da sua vida antes daquela notícia, ricci dirigia divertindo-se com a simples ideia de que aquele encontro representava sua vitória de alguns dias antes. e ele sabia que seria deliciosamente interessante testemunhar neslihan ser agradável consigo, contrariando seu instinto feroz que geralmente não falhava em colocá-lo em seu devido lugar. como tudo que envolvia os dois, toda a situação em que se encontravam não era mais do que uma briga de egos. eles tinham palavra suficiente para honrar a aposta, até mesmo camilo teria obedecido qualquer que fosse a exigência alheia, e portanto sabia que a turca não falharia. mas verdade fosse dita, a proposta do encontro não tinha um verdadeiro envolvimento com as questões recentemente levantadas a respeito de como eles poderiam estar envolvidos na lenda da maldição de khadel. milo não achava que a gökçe era sua alma gêmea, e sinceramente, nem queria achar. um ano para descobrir quem seria seu verdadeiro amor? impossível. preferia focar em algo muito mais concreto: traduzir, eventualmente, toda a inquietude alheia diante de sua presença em uma inevitável química, levá-la para cama, e finalmente riscar o nome de seu caderninho. mais cedo, solicitou que um motorista a buscasse em sua residência, e aguardou do lado de fora do restaurante a sua chegada. ao estacionar do carro, o motorista chegou até a porta antes que camilo o pudesse fazer, e assim ricci ficou, parado no meio do caminho, observando a figura magnética que deixava o automóvel em um vestido que parecia ter sido feito para uso exclusivo de neslihan gökçe. “uau” escapou-lhe, passando a mão pelo próprio peito como se desamassasse a peça de roupa, mas na verdade buscava mandar um aviso discreto para que o corpo diminuísse um pouco a palpitação no peitoral. piscou algumas vezes antes de voltar a se concentrar, e caminhou até a jovem sem demora. “você está… estonteante.” ele já estava na vantagem ali, certo? que mal fazia um elogio sincero? não era como se neslihan não soubesse o quão atraente era. talvez ela aguardasse algum comentário engraçadinho e presunçoso, até por ter exigido que ela lhe oferecesse simpatia independente de como ele se comportasse, mas sabia que somente havia uma forma de pega-la desprevenida: ser agradável. pelo menos até sentarem à mesa. ofereceu o braço para que caminhassem juntos até a entrada do restaurante. “escolhi a mesa do lado de fora, mas eles podem mudar, se você preferir” a música no ambiente interno era boa, mas estar ao ar livre parecia mais agradável. imaginava, pelo que conhecia dela, que a morena também escolheria o mesmo. “e já confirmei também o cardápio. as opções, para nossa mesa, são todas vegetarianas. até as minhas, então não precisa se preocupar” sorte a dele que sua má fama faria a mulher pensar que tais esforços eram apenas charme temporário: imaginem se descobrissem que as vezes camilo ricci conseguia pensar em outra pessoa além dele? “vamos?”

DINNER DATE At Il Giardino

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4 months ago
𓏲 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... ███▒▒▒▒▒▒▒ 𝟑𝟎% , 𝐓𝐇𝐄 
𓏲 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... ███▒▒▒▒▒▒▒ 𝟑𝟎% , 𝐓𝐇𝐄 
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𓏲 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... ███▒▒▒▒▒▒▒ 𝟑𝟎% , 𝐓𝐇𝐄 

𓏲 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... ███▒▒▒▒▒▒▒ 𝟑𝟎% , 𝐓𝐇𝐄  𝐎𝐑𝐈𝐆𝐈𝐍𝐀𝐋 𝐒̧𝐀𝐇𝐕𝐄𝐑𝐃𝐈 𝐅𝐀𝐌𝐈𝐋𝐘 !

𓏲 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆... ███▒▒▒▒▒▒▒ 𝟑𝟎% , 𝐓𝐇𝐄 

münevven şahverdi , née gökçe ( 1973 - 2019 ) , mother , birce akalay !

kadir şahverdi ( 1967 ) , father , kenan imirzalıoğlu !

neslihan şahverdi gökçe ( 1995 ) , daughter , the activist , hande erçel !

@khdpontos


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4 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : antes da revelação !

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

o riso genuíno de olivia era como um pequeno presente , meticulosamente envolto no mais intrincado dos papéis . e a percepção , longe de dissipar-se , apenas intensificava o próprio entusiasmo . por tanto tempo estiveram privadas daquele dinamismo que conheciam com a mesma intimidade da palma das mãos , e neslihan sentira . se fosse honesta consigo , ainda percebia os resquícios do que as afastara insinuando-se silenciosamente em seus sentimentos , no entanto , não era algo em que se permitia delongar , não quando algo muito mais premente as aguardava a cada nova oportunidade . ❝ bom , eu não ficaria impressionada . sei e confio no seu potencial para realizar algo verdadeiramente significativo . ❞ não era mero elogio , tampouco um jogo de palavras . tratava-se da mais pura verdade . embora a boscharino não fosse mais o reflexo exato daquela com quem cresceu — e , graças aos cosmos , ela própria também não — , certas essências permaneciam , imutáveis mesmo diante das inúmeras mudanças , das adaptações , e apesar da forma renovada com que ambas passaram a enxergar o mundo . ❝ eu sabia que uma nova companhia para chanel seria a oportunidade perfeita . ❞ permitindo-se replicar o gesto exagerado de olivia , mas adicionando um sorriso que parecia ter se enraizado em seus lábios , virou-se na direção da estrutura pivotante . ❝ o único desastre , e , francamente , um crime , será se você não se apaixonar por todos eles e quiser levar cada um para casa . ❞ lançou por sobre o ombro , enquanto atravessava a primeira das portas , desviando à esquerda para abrir acesso à sala onde se dedicavam ao enriquecimento ambiental dos filhotes . ❝ e aqui está o mais próximo que talvez possamos chegar do paraíso . ❞ os braços gesticularam para o amplo espaço , organizado em seções por espécie , banhado pela luz natural que entrava através das imensas paredes de vidro voltadas para os jardins . na área externa , os animais mais velhos se entregavam a diversas atividades , salpicando o verde com movimentos cheios de vida. com um aceno cordial oferecido ao par de voluntários no final do recinto , descalçou os saltos , deixando-os displicentemente ao lado da entrada . sem hesitar , apressou-se em direção à melodia suave de pequenos miados que a saudavam da forma mais adorável possível . sentindo a presença da amiga logo atrás , ajoelhou-se , deixando que os dígitos alcançassem o calor delicado de um corpinho felpudo , quase inteiramente branco , não fossem as sutis manchas amarronzadas em uma das patas e o padrão peculiar que lembrava diminutos corações subindo até uma das orelhas . aninhando-o junto a si , ergueu-se , ternura evidente no gesto . ❝ esse aqui é , sem dúvida , o ser mais precioso que já vi em todos esses anos . ❞ murmurando , os lábios curvavam-se de leve . ❝ e se você não sair daqui com ele na bolsa e mais brinquedos do que um filhote poderia precisar, prometo mudar meu nome… mais uma vez ❞ tentava manter o tom sutil , mas o movimento de suas mãos era suficiente para despertar a pequena criatura em seus braços , que abriu os olhos , um verde e o outro azul , e os fixou diretamente nos de olivia .

[ F L A S H B A C K : antes da revelação ]

Deixou que o sorriso de Neslihan se refletisse no seu próprio, mesmo que fosse quase imperceptível. Era impossível não ser contagiada pela energia da amiga, mesmo que mantivesse a fachada de controle absoluto. Enquanto a outra se desfazia de suas camadas de roupa e abraçava o ambiente como se fosse uma extensão de si mesma, Olivia observava cada movimento com atenção calculada, uma habilidade refinada com anos de prática. Era fascinante como a outra parecia genuinamente feliz com algo tão mundano quanto um abrigo de animais. “ Arquitetando futuros improváveis? ” Olivia repetiu com uma risada baixa, girando o copo de café vazio entre os dedos. “ Francamente, isso parece um eufemismo. ” A atitude radiante de Nesi contrastava tanto com o mundo meticulosamente planejado de Olivia que era quase reconfortante – como um lembrete de que nem tudo precisava ser milimetricamente controlado para funcionar. Mas é claro que ela jamais admitiria isso. Quando a amiga mencionou "aproveitar da legião de adoradores", Olivia riu de verdade, um som raro e musical que atraía atenção. “ Ah, claro, minha legião de adoradores! Você sabe que é só eu postar um story de onde estou, que meia dúzia, pelo menos, aparecem aqui, certo? ” Ela deu de ombros, ajustando os óculos escuros agora pendurados no decote da blusa, aquela falsa modéstia que parecia lhe cair muito bem. “ Eu ficaria impressionada comigo mesma se conseguir convencê-los a voluntariar em algo útil. ” Quando ouviu a outra finalmente admitir que se tratava de mais uma de suas "adoções encorajadas", Olivia soltou um suspiro teatral, levando a mão à testa como se estivesse exausta. “ Não seria ruim se Chanel tivesse uma companhia. ” Ela estreitou os olhos, fingindo desconfiança, mas havia um brilho de diversão ali. Gatos costumavam ser independentes, o que era ótimo para Olivia, sempre ocupada e não muito carinhosa, mas a companhia da gatinha lhe fazia bem, mais do que estava disposta a admitir. Enquanto Neslihan indicava as portas do abrigo com uma empolgação quase infantil, Olivia hesitou por um segundo, deslizando os óculos de volta ao rosto como se aquilo pudesse protegê-la de se envolver demais. Não que fosse admitir, mas havia algo na paixão desenfreada de Neslihan que fazia Olivia se sentir... vulnerável. “ Tudo bem, ” disse finalmente, levantando-se com a mesma graça ensaiada de sempre. “ Mostre-me suas pequenas criaturas e me convença de que isso não vai ser um desastre total. ”

[ F L A S H B A C K : Antes Da Revelação ]

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neslihvns - 𝒈𝒍𝒐𝒓𝒊𝒐𝒖𝒔 ! justice
𝒈𝒍𝒐𝒓𝒊𝒐𝒖𝒔 ! justice

𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?

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